sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mantém-te firme...


Daqui a 20 anos, se me perguntarem o que é a depressão, mando ouvir esta música...

Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo


A fusão entre os dois estilos está excelente...
Comentários musicais à parte, se algum dia vos parecer que não há nenhuma luz ao fundo do túnel perguntem-se a vocês próprios se não se esqueceram de tirar os óculos escuros...
(Porque a depressão tem tratamento...)

10 comentários:

MA-S disse...

"Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo" - Nem sempre é fácil mantermos este espírito.
Acordar de manhã e pensar: "é só mais um dia, toca a levantar e enfrentá-lo" é mais difícil do que parece. Quando a mente pede para ficar encerrada nos lençóis e não abrir ao mundo...é díficil resistir à tentação.
Tentar ter coragem para nos erguer e levar o dia da melhor maneira possível.

LuisaB disse...

Dr. já cá faltava post fresquinho.
Acho que este excerto se pode aplicar também aos autistas?

"Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz"

Quanto a mim esta canção enfrenta muito a vida de alguns autistas.
Bom fim-de-semana.

Dr. Andre Bressan disse...

No Brasil temos uma canção, que parece tão deprê quanto a sua:

Socorro
Música: Arnaldo Antunes
Letra: Alice Ruiz


Socorro, não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir.

Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada.

Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa.
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada.

Queria achar o audio, mas não consegui.

Um abraço.

AnaCS disse...

É fabulosa... A primeira vez que a ouvi, fiquei espantada com a mensagem que transmite. Não falando no dueto!

PR disse...

Boa tarde
Daqui a 20 anos... Ok!
E hoje?
O que responderia hoje, se alguém lhe perguntasse o que é a Depressão?
A depressão tem tratamento sem dúvida. E será que tem "cura"?
Excelente post

Psiquiatra da Net disse...

MA-S:

O que a música não fala é que às vezes é necessário pedir ajuda, por muito que custe fazê-lo.

Luisa_B:

Sim e não. Não se pode aplicar ao autismo em geral, mas muitas vezes as pessoas com perturbação do espectro autista deprimem. (Em "mediquês", a prevalência de depressão nas perturbações do espectro autista é enorme...)

André:

Essa música tb retrata muito bem alguns aspectos da depressão. Contudo, também poderia retratar, por exemplo, a fase inicial de um luto. (Mais uma promessa de post a juntar à lista... :P)

AnaCS:

Impressiona e muito!

Pramos:
O "daqui a 20 anos" é utilizado porque neste momento a música passa na rádio e a colocação dela no post poderia ser considerado um efeito da moda... Mas agora também retrata bem a depressão.

Obrigado pelos comentários!

PR disse...

Bom dia
Dr.
Percebi desde o inicio, o porquê da expressão daqui a 20 anos.
Confesso que esperava uma resposta mais técnica do estilo " ... pode ser definida como um disturbio?..."
Sou leiga nessa área, no entanto gosto de perceber as causas de um pesadelo pelo qual passei, ou estou a passar nem sei muito bem.
E para não me tornar demasiado maçadora, finalizo, concluindo que a depressão tem tratamento, mas não tem um fim...

Como especialista qual a sua opinião.

Sinceramente grata
Pr

Ike disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rita disse...

Olá Dr.

Não é meu costume «postar» comentários em blogs, mesmo naqueles que visito frequentemente, como é o caso do seu.

Mas realmente, e sem querer que pense que o estou a «consultar» via blog, esta é uma letra que retrata com exactidão o que sente um doente com depressão.

Não que alguma vez tenha passado por isso, mas são frases que oiço repetidamente da boca da minha mãe, ipsis verbis.
Até arrepia.
Mas cá estou eu, para lhe dizer repetidamente :«Vou ser forte e vou-me erguer E ter coragem de querer Não ceder, nem desistir eu prometo». Pode ser que ao ouvir repetidamente ela incorpore estes versos.
Não vou desistir de lhe dizer isto...

Cumrpimentos e parabéns pelo blog.

Rita

calamity jane disse...

Bolas! Já tinha ouvido a música várias vezes mas desta chorei baba e ranho - deve ser desta chuva q não há meio de passar...
Tenho uma personalidade algo depressiva (herança familiar) mas sou uma lutadora. Tomei antidepressivos durante demasiados anos. Foi muito dificil, mesmo largá-los, mas sinceramente, para mim ja não fazia sentido. Há uns meses atrás fui-me abaixo e o meu psi quis medicar-me de novo. Experimentei dois antidep diferentes e dei-me mal com ambos. O primeiro causou-me alucinações, o segundo sindroma das pernas irrequietas. Fantástico, não? Acabei por ficar melhor sem recorrer a medicamentos.
O reiki, o yoga, e, mais que tudo, o SOL são os meus melhores antidepressivos. O amor e o sexo tb dão jeito ;-). Infelizmente estes dois e mais o sol nem sempre estão à disposição.
Atenção, falo por mim e só por mim. Sei que os antidepressivos podem salvar vidas. Sei que me ajudaram muito em certos momentos da minha vida em que não conseguia dormir nem acordar nem fazer outra coisa que não chorar. Neste momento, não.
Daí que estou à espera da primavera (e que venha depressa, por favor!!!). À falta de condições para passar o inverno num país tropical (abençoado por deus ou não, o que interessa é que tenha sol!)...
Estiquei-me, sorry. Mas queria dizer tb q estou a adorar o blog e que já me fartei de rir depois de ter chorado. Nada que espante um psi experimentado ;-)