tag:blogger.com,1999:blog-55863241149677348872024-03-07T03:35:28.554+00:00Psiquiatra da NetPsiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.comBlogger44125tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-39243450608434112172023-07-11T01:00:00.004+01:002023-07-11T02:05:05.876+01:00The sad clown paradox<p> Há uma história antiga, quase do tempo em que os animais falavam, utilizando expressões como "Apre, menino, que ferro!" para dizer "Isto é uma seca!", que reza da seguinte forma:</p><p>"- Um médico, famoso no seu tempo, é consultado por um homem que se encontra triste e perdeu o gosto nas actividades que fazia, outrora prazerosas.</p><p>Não havia, na altura, psicologia (ou se calhar já havia, mas ainda nos seus primórdios). O que não tinha, ainda evoluído do tronco comum da Medicina era a Psiquiatria. Não existia psicofarmacologia, nem qualquer outro tipo de tratamentos utilizados para a depressão.</p><p>Face aos cânones que tinha aprendido na faculdade [na altura não havia, amiúde, congressos, e presumo que qualquer tratamento que não fosse uma sangria seria considerado um grande avanço científico], o eminente seguidor de Hipócrates fez a sua prescrição: </p><p>- "Excelentíssimo senhor: [diz-se que era assim que eles falavam na altura... ] queira vossa excelência assistir ao grandioso espectáculo de circo que acaba efectivamente de chegar à nossa mui ilustre cidade. E queira V. Exª ver o maravilhoso número do "Palhaço" (um famoso comediante que trabalhava no circo). Está nele a cura para o seu mal."</p><p>Na altura, caros amigos, não existia Infarmed nem European Medicines Agency. O circo não tinha sido submetido a rigorosos ensaios clínicos, contra placebo e contra comparador activo, sempre com a garantia de que se cumpririam todos os preceitos éticos e não seriam lesados animais.</p><p>Tão pouco o Palhaço tinha sido certificado na sua produção. Nem tinha sido submetido a rigorosos controlos de qualidade, antes e após a venda dos bilhetes.</p><p>Seguramente, o homem não era sabedor de tal facto. Todavia, levantou-se, e retorquiu timidamente, qual contraindicação constante num resumo das características do medicamento: </p><p>- Mas, excelentissimo e ilustríssimo Senhor Doutor: Curvo-me, chego com os pés ao chão e ergo altares lá em casa para Vossa Excelência. Peço perdão e humildemente me fustigo por sequer ousar dirigir a palavra a tão grande e nobre figura da Academia, mas... eu sou o Palhaço...</p><p>****</p><p>Não se sabe o corolário da história. Se tal se passasse hoje, o médico seria obrigado a reportar, para o departamento de farmacovigilância do circo, tal evento adverso.</p><p>Mas, é certo, que, hoje, os animais não falam... comentam nos sites de certas publicações que se dizem jornais. </p><p>As pessoas já utilizam termos mais coloquiais, e "Mano" passou a ser uma interjeição como qualquer outra. </p><p>Os médicos já não são venerados como se de um Deus na Terra se tratassem, e os circos... bem, os circos... lutam contra a oposição de activistas radicais do PAN, que se esquecem que eles próprios são animais enjaulados neste Planeta...</p><p><br></p><p>Mas os palhaços tristes permanecem. </p><p>Dizem os psicanalistas - os tais que se regojizam sempre que, em consulta, dizemos cobras e lagartos da nossa mãe - e em particular um autor chamado Janus, que os comediantes são brilhantes, furiosos, desconfiados, (...) deprimidos, tímidos, sensitivos e com medo, que lutam contra os seus medos constantemente.</p><p>O que é certo, é que estudos subsequentes associam determinados traços de personalidade - sobretudo baixa conscienciosidade e baixa extroversão , bem como alta abertura para a experiência, à profissão de comediante.</p><p>É devido à baixa extroversão (ou alta introversão) que os comediantes têm, parte deles personas diferentes dentro e fora de palco.</p><p>E estes traços de personalidade não surgem do nada. São a forma como vamos desenvolvendo a nossa maneira de ser ou estar perante nós próprios e perante os outros, ao longo da vida. Têm em conta o nosso temperamento, mas também a forma como nos vamos relacionando com "a nossa circunstância". Como vamos sobrevivendo. Como vamos, parafraseando Carlos Tê, aprendendo "de tanto saltar muros e fronteiras" e crescendo "com a força bruta das trepadeiras".</p><p>E o certo é que a nossa cultura retrata, desde há séculos, o tema (veja-se, por exemplo, a ópera de Leoncavallo). Da mesma forma, vieram a revelar-se palhaços tristes muitos dos que fazem parte do nosso imaginário. </p><p>***</p><p>Quanto a mim, fui e sou palhaço triste.</p><p>Fui palhaço triste, quando confrontado com a doença de Alzheimer de um familiar próximo. Ao menos punha uma pessoa, que já mal me conhecia, a rir a bandeiras despregadas, e calava-me por dentro.</p><p>Fui palhaço triste, quando coloquei na boca de personagens fictícias, ao longo dos últimos anos, tudo aquilo que o meu coração envenenado não ousou verbalizar. Punha outra pessoa a rir, e calava-me por dentro.</p><p>Fui palhaço triste quando lidei com a simples ansiedade de estar com os outros. Punho os outros a rir e calava-me por dentro.</p><p>Porque quando deixar de ser triste deixarei de ser palhaço.</p>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-7744452082224399692015-11-24T19:27:00.003+00:002015-11-25T12:01:25.020+00:00Aquele abraço...<div dir="ltr">Acordei cedo. <br>
Às 6 da manhã, como se uma vela se tivesse apagado.</div>
<div dir="ltr">
Acordei a sentir aquele vazio existencial que às vezes as pessoas sentem. Despachei-me de forma atabalhoada. Fui pelo caminho zangado com tudo e com todos. No fundo, comigo próprio. <br>
Entrei no serviço atrasado. A secretária de unidade, aquele elemento frenético da equipa sem o qual o Serviço não existia como Serviço, e a quem habituei, desde que lá estou, a tratar, de forma recíproca,por tu, esperava por mim, de pé, a porta do meu gabinete, com ar grave, e deu-me a notícia: </div>
<div dir="ltr">
- Tenho uma má notícia para ti - faleceu uma das tuas doentes... a Srª X...<br>
Fiquei estarrecido. Não estava à espera. </div>
<div dir="ltr">
Fiz o possível por saber o que se tinha passado. Pedi à Secretária para ligar a uma das Irmãs, que a tinham acompanhado no Hospital desde o primeiro minuto. </div>
<div dir="ltr">
Família unida, pensara, quando internei a Srª X. </div>
<div dir="ltr">
Não deixarei de recordar o <i>rapport</i> hostil de uma das Irmãs nessa data. Estava zangada com o Sistema, e com toda a razão. E, naquela sala da Urgência, eu personificava o Sistema...</div>
<div dir="ltr">
Não deixarei de recordar a reunião, uma semana depois. <br>
Iniciei-a com o sentido de humor que tento imprimir no meu dia-a-dia e que está para mim como as luvas estão para o cirurgião. Perguntei, logo à entrada, à Irmã, se me ia bater... Recebi de resposta, com um sorriso: "Hoje não, Doutor..."<br>
Dei-me conta da razão de ser do <i>rapport</i> hostil... A hostilidade era a de quem tinha sentido na pele a Doença do Pai, e via o Tempo descrever uma das suas piruetas repetindo a História Natural da Doença, e tudo o que lhe está associado - o sofrimento , o estigma, a sensação de impotência/revolta dos familiares - na Srª X. Era a de quem defendia os seus, <i>no matter what</i>...</div>
<div dir="ltr">
Não deixarei de recordar que estive a falar duas horas com as Irmãs. No início, foi uma conversa como qualquer outra das conversas com familiares - psicoeducativa, um pouco asseptica. Mas a frieza das pessoas feitas números, que, por vezes me faz querer pendurar a bata, deu lugar ao calor humano das pessoas feitas Pessoas, que me faz querer continuar a fazer clínica até poder. Tal é a <a href="http://psiquiatradanet.blogspot.pt/2010/03/quase-ciclotimia-da-profissao.html">ciclotimia da profissão</a>... Falámos dos constrangimentos da prática medica, de erro médico, de sistemas de saúde. Falámos de perturbação mental e de Cidadania. Do ser Humano que existe para lá do Doente, do ser Humano que existe para lá do familiar, do ser Humano que existe para lá do médico. </div>
<div dir="ltr">
Não deixarei de recordar a vontade de continuar a conversa, não tivesse eu que ir ver uma doente a outro sítio, e de querer que nos tivéssemos encontrado noutro contexto qualquer. </div>
<div dir="ltr">
Não deixarei de recordar o "não só não lhe bato como lhe dou o Abraço da Paz" no fim da reunião...</div>
<div dir="ltr">
... e a Srª X tinha falecido... Aquilo não estava a acontecer!</div>
<div dir="ltr">
Liguei a uma das Irmãs. Perante a urgência da situação, não tive outra hipotese, senão dar-lhe, telefonicamente, a infeliz notícia, da forma menos atabalhoada que consegui, e disponibilizei-me para as receber, tendo desmarcado os compromissos que pude. Cumpri os compromissos que não pude desmarcar de forma absolutamente mecânica e em piloto automático. Pura e simplesmente não dava para o fazer de outra forma.</div>
<div dir="ltr">
Reuni com as Irmãs. Tentei descrever o que se tinha passado de forma tão factual quanto possível, mas não consegui disfarçar a voz embaçada e os olhos molhados, nem deixar de lhes dar um abraço, violando a suposta neutralidade da relação médico-doente ou médico-família. </div>
<div dir="ltr">
A voz embaçada de quem lhe apetecia pendurar a bata e escaqueirar, tal como um dos meus doentes da consulta desse dia, num acesso de raiva, a primeira porta que lhe aparecesse à frente e os olhos molhados de quem se sentia muito, mas muito pequenino. </div>
<div dir="ltr">
<br></div>
<div dir="ltr">
E as Irmãs notaram-no. </div>
<div dir="ltr">
De tal forma, senti que acabaram por ser elas a confortar-me, numa irónica inversão de papéis... </div>
<div dir="ltr">
<br></div>
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</div>
<div dir="ltr">
Lidar com a morte de um doente nosso é algo que, como me disse outra das Irmãs, "não nos ensinam na Faculdade". Palavras de um amigo seu, Professor de Medicina. Assino por baixo. Oxalá eu não tivesse essa experiência...</div>
<div dir="ltr">
Não estou nem, penso, nunca estarei, preparado para tal.</div>
<div dir="ltr"><br></div><div dir="ltr">Post scriptum:</div><div dir="ltr">No dia seguinte, acordei a pensar na Sra X e nas Irmãs. Tive vontade de pendurar a bata para sempre, como tenho tido, sempre que me faleceram alguns doentes, ou não fosse, para mim, o querer desistir uma parte do processo de luto. Mas a minha família (re)animou-me para começar o dia de trabalho: "Cheer up, Lad... You know what they say... (...) Always look on the bright side of Life... " </div><div dir="ltr"><br></div><div dir="ltr">Vim a trautear a música no caminho. </div><div dir="ltr">Resta-me a música. E resta-me aquele Abraço, que foi a única coisa que, no momento, pude dar àquela Família. </div>
Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-57289461495555996252015-11-04T00:17:00.002+00:002015-11-04T00:18:09.779+00:00Teoria da relatividade<br />
<div>
A mais-do-que-batida-piada de que o Psiquiatra é aquele que olha para a reacção dos presentes quando entra uma mulher bonita na sala, pode fazer com que se formule várias hipóteses sobre o dito, em alternativa. A saber:</div>
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<br /></div>
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<ul>
<li>É um mestre da relativização</li>
<li>Ou tem uma visão 0,5/20 (para quem não percebe de oftalmologia, é um bocadinho mais do que certos árbitros da primeira divisão do futebol português, mas a anos-luz de qualquer toupeira...)</li>
<li>Ou tomou, propositadamente ou não, uma dose elevada de um antipsicótico à vossa escolha</li>
<li>Ou não se sente atraído por mulheres e/ou prefere Aristófanes</li>
<li>Ou tem a esposa ao lado...</li>
</ul>
</div>
<div>
Pessoalmente, prefiro a primeira opção. Acho-a muito mais romântica e fica sempre bem no curriculum vitae. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Uma das coisas que se aprende com a prática da psiquiatria, da medicina, do dominó, da vendas de enciclopédias e de outras ciências similares sem as quais a civilização moderna não passaria, é a relativizar.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Permite-nos deslocalizar, por instantes, o foco da nossa atenção, e dar-nos uma nova perspectiva da realidade, <i>out of the box, </i>ou para lá do umbigo...</div>
<div>
Permite-nos diferenciar o essencial do acessório e focarmo-nos no que realmente importa...</div>
<div>
Permite abrir portas onde se fecharam janelas, apreciar as estrelas quando o sol se pôs e vários outros clichés pseudomotivacionais de que não me lembro agora...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Mas na prática, dá-nos a hipótese de tentar compreender porque é que o sr. Almerindo, recentemente reformado de 67 anos, ou a D. Carla, recentemente divorciada, de 39 anos, nos chegam à consulta aos gritos... Talvez por uma recente perda de ocupação...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
E isso repercute-se na restante vida: consegue-se perceber que a nossa tia Laércia, de 85 anos, já meio demenciada, é o terror das auxiliares da casa de repouso onde está, praticando a política do quero, posso e mando, mas sempre foi muito senhora do seu nariz e, pura e simplesmente, está com dores na coluna... </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Tudo é, de facto, relativo neste mundo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Como diria David Mourão Ferreira:</div>
<div>
<br /></div>
<div>
"<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;"> </span></div>
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que se veja à mesa o meu lugar vazio </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que hão-de me lembrar de modo menos nítido </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que só uma voz me evoque a sós consigo </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que não viva já ninguém meu conhecido </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que nem vivo esteja um verso deste livro </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que terei de novo o Nada a sós comigo </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que nem o Natal terá qualquer sentido </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">Há-de vir um Natal e será o primeiro </span><br />
<span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;">em que o Nada retome a cor do Infinito </span><br />
<br style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;" />
<i style="background-color: #fff6e5; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: georgia; font-size: 16px; line-height: 30px;">David Mourão-Ferreira, in 'Cancioneiro de Natal'</i><span style="background-color: #fff6e5; color: #333333; font-family: "georgia"; font-size: 16px; line-height: 30px;"> "</span><br />
<div>
<span style="color: #333333; font-family: "georgia";"><span style="line-height: 30px;"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="color: #333333; font-family: "georgia";"><span style="line-height: 30px;">Não quero deprimir ninguém, nem ser, apesar da altura do ano, suficientemente tétrico, mas um post a dizer "Voltei, mas agora acreditem mesmo!" seria um tanto ou quanto repetitivo...</span></span></div>
<div>
<span style="color: #333333; font-family: "georgia"; line-height: 30px;"><br /></span></div>
<div>
<span style="color: #333333; font-family: "georgia"; line-height: 30px;">E não sei se voltei. Ou se é o blog que voltou a mim... Tudo é, de facto relativo! Até a vida...</span></div>
<div>
<span style="color: #333333; font-family: "georgia";"><span style="line-height: 30px;"><br /></span></span>
<div>
<br /></div>
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Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-1770635188150733912014-03-25T18:54:00.001+00:002014-03-25T18:57:33.687+00:00Oh não! Mais um post a dizer "Voltei?!"Este deve ser, pelo menos, e aproximadamente, o trigésimo nono post em que utilizo, aparentemente em vão, com a palavra "voltei".<br />
<div>
Tal qual um adepto de um clube de futebol de Lisboa, que eu não digo qual, é ou um político em período pré-eleitoral, prometo sempre que volto.<br />
<div>
Mais do que a definição de um estilo de escrita, isto poderá constituir a assunção (não a Cristas, nem a Esteves) de uma religião:</div>
<div>
Eu, que até agora tinha uma relação muito pessoal e adogmática com Deus, o que, de certa forma, permite abraçar como semelhante todo aquele que manifesta a sua fé, confesso-me fervoroso do Santo Padroeiro das Causas Inacabadas. (a par do Santo António, cujas imagens povoam todos os cantos da casa onde cresci.)</div>
<div>
Não sei o seu nome, mas uma pesquisa rápida no meu leitor mais fiel e mais sistemático, sem desprimor para qualquer um dos outros, refere que o nome do padroeiro das Soluções Rápidas é São Expedito. Deve haver, algures na liturgia, na da Igreja Católica, na Budista ou na de Carl Sagan, algum antónimo de São Expedito, nem que seja sob a forma de anti-matéria...</div>
<div>
Tudo isto para dizer que este blog é uma obra eternamente inacabada e imperfeita, tal como eu. E que é muito provável que, havendo força e discernimento para isso, volte para o polir e aperfeiçoar, tal como espero que aconteça comigo. E que São Expedito, juntamente com o seu antónimo, tal qual como nos frente a frente da política, possam ser moderados por algo ou alguém, nem que seja eu próprio... </div>
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<br />
PS - Fica prometido (ou talvez não) um post acerca da espiritualidade na Saúde Mental...</div>
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Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-54153522310477514152012-12-18T20:18:00.003+00:002012-12-19T23:18:30.516+00:00Como sobreviver a uma junta médicaDeparei-me há uns dias com um pedido de desculpas <i>sui generis</i> na revista da Ordem dos Médicos. Um médico, que participava, indicado pela examinanda, numa Junta Médica, talvez da Segurança Social, da ADSE ou de uma qualquer entidade mui esclarecida, num "momento de ansiedade" (sic), terá escrito a frase lapidar "Esta Junta é uma farsa!"<br />
Como - diz o povo - a verdade magoa sempre, ainda que existam muitas verdades diferentes tantas quantas as pessoas da Terra - os restantes médicos da Junta, nomeados pela tal Entidade Esclarecida , considerando-se, decerto, feridos, se não na sua dignidade profissional, no amor-próprio, ou na dignidade da camisola que envergavam, trataram de processar deontologicamente o infeliz, que se obrigou a um pedido de desculpas formal na revista que toda a classe recebe e, alegadamente, lê.<br />
<br />
O episódio é, por si, caricato. Mas, considerando que este blog estar a prestar um serviço às três ou quatro pessoas que o lêem, e para evitar que os médicos assistentes cheguem a este ponto, permite-se dar vários conselhos às pessoas que forem a juntas médicas.<br />
<br />
<ol>
<li>Muna-se de todos os documentos pessoais que conseguir encontrar - carta de condução, passaporte, cartão do cidadão, cartão da FNAC, cartão do ACP, boletim de vacinas, boletim de saúde infantil, boletim de grávida (sobretudo se for do sexo masculino), cartão do clube de vídeo, do ginásio, passe social, cartão de milhas, cartão de crédito, cartão multibanco, cartão do clube juvenil Verbo (de quando era adolescente), caderneta do aluno (da escola secundária), certidão de nascimento, certificado de casamento e/ou de divórcio, certificado de aproveitamento no curso de costura, cartão de sócio do Benfica. Para as pessoas que já faleceram e que vão em caixão, convém levar o certificado de óbito.</li>
<li>Muna-se de todos os relatórios que conseguir encontrar - relatório do médico a dizer que em tempos se encontrava apto para ir à escola, relatório do médico a dizer que até tinha jeito para frequentar o ginásio, relatório do médico a dizer que tocava piano e falava francês, relatório do médico a dizer que estava bom tempo para o windsurf no dia 30 de Janeiro de 1984 na praia do Guincho, relatório do médico a dizer que nunca mudou de sexo e que, tendo sido registado como Alfredo, nunca se chamou Rosa Maria na sua vida.<br />A este respeito, convém que coleccione relatórios de tantos especialistas quanto possível. A lista de especialidades reconhecidas em Portugal e no Brasil encontra-se <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_especialidades_m%C3%A9dicas">aqui</a>. Convém ainda, pelo sim pelo não, acrescentar duas ou três, mesmo que os médicos da junta médica não as conheçam, bem como a Medicina Tradicional Vietnamita e a Pedogeriatria.</li>
<li>Muna-se de todos os exames complementares de diagnóstico que tenha lá por casa - desde a ortopantomografia que fez quando tirou os dentes do siso, até aos rastreios imunológicos para doenças venéreas que realizou quando a Ritinha, a sonsinha com quem saía na adolescência, o informou das características anatómicas particulares dos elementos da equipa de futebol lá do bairro. Como é óbvio, pode e deve coleccionar todos os exames da tabela do SNS - para desespero dos sacanas dos seus médicos assistentes, que não os querem passar. Não se esqueça é de levar um Electroencefalograma, não haja para aí um surto de neurogambozinose sifilítica que permaneça indetectado. Não convém é que o mesmo tenha prova de sono, ou que seja quantitativo, senão não vale de nada. O electroencefalograma mostrando ausência de actividade eléctrica, acompanhado do certificado de óbito, constitui uma prova irrefutável de que o examinando não está, de facto, a fingir o rigor mortis...</li>
</ol>
<div>
Uma vez chegado ao sítio onde se vai realizar a junta médica, este blog aconselha-o a adoptar os seguintes comportamentos:</div>
<div>
<ol>
<li>Trate a senhora da recepção por Senhor Vítor.</li>
<li>Trate o segurança por "Antunes, meu camarada de guerra", dê-lhe uma palmadinha nas costas e fale-lhe durante 40 minutos dos bons velhos tempos, em que iam fazer visitas científicas às cubatas.</li>
<li>Sente-se, finja que está a apertar o cinto de segurança e pergunte-lhe quando se levanta voo e onde estão as senhoras que distribuem papo-secos.</li>
<li> Aguarde a sua vez, pacientemente, perguntando "quanto tempo falta-a-a-a?", de forma cantada, sob a musica do Fur Elise, passando por todos os tons da escala cromática, a cada vinte e dois segundos.</li>
<li>Quando chamado, entre na sala, gritando "Onde é que se come?" com a sua melhor voz bagaceira.</li>
</ol>
<div>
Uma vez entrado para a sala onde está constituida a junta médica:</div>
</div>
<div>
<ol>
<li>Cumprimente cordialmente os médicos. Eles estão apenas a fazer o seu trabalho, independentemente de si, do que disser ou fizer.</li>
<li>Se forem dois homens, chame a um deles, Sr. Padre Júlio.</li>
<li>Pergunte onde estão as câmaras e os microfones para falar.</li>
<li>Diga que tem 276,65329 anos.</li>
<li>Quando lhe pedirem o Bilhete de Identidade, mostre o cartão do Clube Amigos Disney da infância.</li>
<li>Quando lhe perguntarem qualquer coisa:<br />Diga que foi lá [à Junta] apenas para apanhar o autocarro - e se sabem a que horas é que passa o próximo<br /> <u>ou</u> Diga que só fala na presença do seu advogado<br /> <u>ou</u>Responda "Por que quer saber isso? Não falo com intelectuais de esquerda".<br /><u>ou</u>Utilize "Arbeit macht frei" como resposta a todas as questões que lhe forem colocadas.</li>
<li>Quando o mandarem sair, vire a secretária de pernas para o ar à procura de câmaras.</li>
</ol>
<div>
Parabéns, acabou de sobreviver a uma junta médica. Cumprimente alegremente o Sr. Vítor e os simpáticos Agentes da Autoridade que acabaram de ser chamados para acorrer ao estardalhaço.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTVZ3-AGyM3z0btvf4aW5dqg880lw8J_YiqG94-x5v9MNSJIw3S" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="304" src="https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTVZ3-AGyM3z0btvf4aW5dqg880lw8J_YiqG94-x5v9MNSJIw3S" width="320" /></a></div>
<br /></div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">PS - Este blog não tenta nem de uma forma nem de outra fomentar comportamentos agressivos. Qualquer convívio com os simpáticos Agentes que o vierem cumprimentar não pode ser interpretado como uma tentativa em si de o tramar.</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Seja responsável. Beba com moderação.</span></div>
<br />
<br />
<br />Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-10655541986398258332011-04-22T11:11:00.002+01:002011-04-22T11:16:12.665+01:00Espaço Cinéfilo (1)Amigo cinéfilo (ou amante da psiquiatria com aspirações cinéfilas)<br />
<br />
Farto de ver filmes com planos assustadoramente dinâmicos de árvores em pleno movimento?<br />
Farto de frequentar cinemas onde as pessoas te tratam por tu e invocam o saudosismo dos filmes de Fellini?<br />
Farto de ser excluído por não saber de cor a filmografia completa do Lars von Trier?<br />
<br />
Este blog tem a solução.<br />
<br />
Hoje inauguramos uma nova rubrica - o ESPAÇO CINÉFILO: o sítio onde pode mandar o Lars von Trier às urtigas, sem problemas.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="295" src="http://www.youtube.com/embed/5iaYLCiq5RM?fs=1" width="480"></iframe><br />
<br />
<br />
Para dar o pontapé de saída, vamos falar sobre Shutter Island (ou, em Português para Fotógrafos), a ilha dos Obturadores.<br />
<br />
<i>Sinopse (Sapo Cinema):</i><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #505050; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 13px;">1954, o pico da Guerra Fria, os agentes Teddy Daniels e Chuck Aule são convocados a "Shutter Island" para investigar o improvável desaparecimento de uma criminosa do impenetrável Ashecliffe Hospital. Rodeados por circunspectos psiquiatras e perigosos pacientes psicopatas, eles vêem-se envolvidos numa atmosfera misteriosa e volátil que sugere que nada é o que parece… Com um furacão a aproximar-se da ilha, a investigação progride rapidamente. No entanto, à medida que a tempestade aumenta de intensidade, as suspeitas e os mistérios multiplicam-se, cada um mais terrível e tenebroso que o anterior. Há indicações e rumores de conspirações sombrias, sórdidas experiências médicas, alas secretas, controlo mental e inclusive de algo sobrenatural. Movendo-se nas sombras do hospital, assombrado pelos terríveis actos dos seus instáveis habitantes e pelos desígnios desconhecidos dos igualmente suspeitos médicos, Teddy começa a sentir que, quanto mais fundo ele chega na investigação, mais perto está de se ver confrontado com alguns dos seus mais profundos e devastadores medos. E apercebe-se também que poderá não sair vivo daquela ilha...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #505050; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: x-small;"><br />
</span><br />
<i>Mini-crítica (Psiquiatra da Net)</i><br />
<br />
<i>Shutter Island não é um filme para meninos. O seu fim ainda hoje é discutido em vários fórums: parece haver três facções distintas - uma (que parece incluir o próprio realizador, Martin Scorcese), que acredita que o protagonista tinha esquizofrenia paranóide. Outra (que parece incluir os partidários da Cientologia) acredita que o cavalheiro não tinha problema nenhum, que o problema era da sociedade, que não o sabia aceitar. A outra, por último, acredita que o filme é uma treta, e que todo o enredo não é nada que o Sócrates não consiga fazer, nos seus dias menos produtivos. Acreditam ainda que o filme é, todo ele, uma metáfora para o FMI...</i><br />
<div style="color: #505050; font-family: Tahoma, sans-serif; line-height: 2.3em;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: normal;">Em suma, se acha que não é para si, vá ver filmes da </span><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: normal;">Disne</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: normal;"><i>y</i> </span><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: normal;">.</span><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(excepto o Bambi e a Pocahontas)</span></span></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-77527642292352056782011-03-12T21:05:00.003+00:002011-03-13T09:22:13.525+00:00Geração à rasca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://republicadassantasbicicletas.files.wordpress.com/2011/03/geracao_a_rasca.jpg?w=400&h=707" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://republicadassantasbicicletas.files.wordpress.com/2011/03/geracao_a_rasca.jpg?w=400&h=707" width="226" /></a></div><br />
Não é meu hábito colocar comentários políticos aqui no blog, mas hoje, dia em que perto de <a href="http://www.publico.pt/Sociedade/protesto-geracao-a-rasca-juntou-entre-160-e-280-mil-pessoas-so-em-lisboa-e-porto_1484504">trezentas mil pessoas desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, oitenta mil se concentraram na Praça da Batalha, e mais umas quantas em várias cidades de Portugal</a>, resolvi falar sobre precariedade, e contar um caso...<br />
Para não comprometer nem ferir susceptibilidades, este caso é construído a partir de vários casos com que me deparei.<br />
<br />
"Acabada de sair da faculdade com um curso de psicologia, Marta começou a estagiar num hospital público. O estágio era voluntário e não remunerado. Durante este "estágio", exercia as funções de psicóloga no serviço.<br />
Marta esteve dois anos nesta situação. Por insistência do chefe de serviço, por necessidade manifesta do Hospital, foi contratada. Contudo, como as admissões à Função Pública tinham sido congeladas, foi outorgado um contrato de trabalho a termo certo, pelo período de 6 meses. De acordo com a legislação laboral vigente, este tipo de contratos destina-se/destinava-se à satisfação de necessidade temporária do empregador e era renovável, até duas vezes, por iguais períodos.<br />
Face à manutenção da necessidade de uma psicóloga no serviço, Marta foi vendo o seu contrato renovado.<br />
Quando o período da última renovação terminou, e perante a incapacidade de abrir vaga, propuseram-lhe uma solução muito simples. Ficava sem trabalhar durante uma semana, período eufemisticamente designado por "pausa de contrato" e seria contratada novamente a seguir.<br />
Entretanto, Marta saiu de casa dos pais e casou, com o então namorado e com um empréstimo bancário, porque comprou casa. Do ponto de vista formativo, evoluiu: fez formação em várias correntes de psicoterapia e iniciou um Doutoramento.<br />
Ao fim de oito anos a contratos a termo certo, comunicaram-lhe a impossibilidade de a contratar novamente. E, ou começava a passar recibos verdes a uma empresa de trabalho temporário, que, por sua vez, cobrava ao Hospital a um preço significativamente superior ao que lhe pagava, ou iria para o desemprego, com tudo o que isso significava em termos de incumprimento das responsabilidades assumidas.<br />
Continuava sob a alçada da hierarquia do Hospital, e todo o expediente passava pelo Serviço de Recursos Humanos do mesmo. Contudo, sem direito a subsídio de doença ou a férias.<br />
Marta optou pela primeira opção. Até ao dia em que, de surpresa, a chamaram ao Serviço de Recursos Humanos. Comunicaram-lhe, no dia 15, que a partir do início do mês seguinte estaria despedida.<br />
Neste momento, Marta está a terminar o doutoramento e pondera emigrar."<br />
<br />
Poder-se-ia perguntar que Estado é este que se dá ao luxo de infringir as suas próprias leis, de contratar precariamente para depois deitar ao lixo profissionais altamente diferenciados, ou de, pelo mesmo trabalho, pagar mais a uma empresa de trabalho temporário do que abrir o quadro para contratar profissionais.<br />
<br />
Poder-se-ia questionar que Valores são estes que o norteiam, mais do que a crise económica ou política.<br />
<br />
Eu penso que é isso que é preciso mudar. E é preciso que os Portugueses mudem a postura passivo-agressiva que têm em relação ao Estado. É preciso que os Portugueses se mobilizem, envolvam socialmente, lutem, para que deixem de ver o Estado como uma Entidade vil, pouco idónea, desonesta, estranha, que lhes suga os impostos, e que é preciso enganar a todo o custo.<br />
<br />
É necessário mudar Valores, tanto quanto a Economia ou a Política, para que as Martas deste País, que existem em todas as profissões, sejam reconhecidas pelo seu valor e não pela sua rede de conhecimentos.Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-58097488652910621172011-03-06T22:43:00.001+00:002011-03-06T22:48:55.398+00:00Voltei.Para a meia dúzia de pessoas que me lê, aqui vão algumas respostas em relação a algumas questões que foram enviadas, pela Aula de Informática da Universidade da Terceira Idade de Santo António dos Besugos, directamente para o e-mail do blog...<br />
<br />
1) D. Amélia: Estive em periodo sabático. Sim, tem que ver com os Black Sabbath, de que a senhora tanto gosta. Aliás, eu sempre quis pintar a cara como o Ozzy Osbourne. Nunca tive foi coragem nem "maquiage"...<br />
<br />
<br />
2) D. Eufrásia: Não, senhora. Sugiro que para notícias relacionadas com o estado do processo do Carlos Castro se dirija ao <a href="http://www.cmjornal.xl.pt/">Correio da Manhã</a>... Infelizmente, por questões relacionadas com os direitos de transmissão, estou impedido de mandar qualquer tipo de postas de pescada em relação a isso. Sugiro procurar na secção "comentários". Encontra, decerto, gente muito mais avalizada do que eu para o fazer, tamanho é o grau de certeza das suas afirmações.<br />
<br />
3) D. Natércia: Muito obrigado! Admito que goste do meu programa das manhãs. Contudo, devo dizer que não tenho nenhum. Ah, e já agora, nunca fiz de Adolfo em nenhuma novela da TVI, como V. Exª refere. Tenho abdominais a mais...<br />
<br />
4) Sr. Benevides: Ainda que este blog faça, por vezes, previsões, conhecimentos mais profundos sobre a interpretação da imagem de satélite impedem-nos de tecer qualquer tipo de conjecturas em relação ao estado do tempo na Carregadinha. Não, também não sei qual a melhor altura para plantar a couve-flor...<br />
<br />
5) Sr. José: Tem toda a razão naquilo que diz. As Universidades de Terceira Idade constituem uma excelente fora de manter o cérebro activo e constituem uma excelente rede social de suporte. Porém, o facto de ser uma rede Social não implica que se possa escrever no mural. Em relação à sua questão, a vasta equipa que escreve este blog está a tratar de fazer um perfil numa rede social um pouco mais pequena - o <a href="http://www.facebook.com/pages/Psiquiatra-da-Net/193958530637612">Facebook</a>. Contudo, não poderei, como o senhor pretende, colocar uma fotografia de uma loiraça de 20 anos, de peito avantajado. e colocar frases mais arrojadas... Isso está fora de questão!!!<br />
<br />
6) D. Adília: Concordo em absoluto consigo. Este blog espera não aderir ao acordo ortográfico, a não ser que façam uma extensão do mesmo para as mensagens sms, e que o dicionário do Prof. Malaca Casteleiro passe a incluir smileys :-)<br />
<br />
Respondidas estas questões, seleccionadas, e excluídas outras, que a comissão de censura do blog não permitiu que fossem respondidas, agora que deixei de estar submerso debaixo de uma pilha de tratados de psicopatologia, fenomenologia, psicofarmacologia, história da psiquiatria e bricolage, tenho a dizer-vos que voltei. E que espero, caso não venha o FMI e o tempo não piore na Carregadinha, manter-me por este cantinho...Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-85517076213692243652010-11-11T19:09:00.000+00:002010-11-11T19:09:54.078+00:00Das ausênciasTenho recebido centenas de e-mails a perguntar se morri...<br />
Ok, eu confesso, foi só de uma pessoa - era um doente meu, a quem eu dei, por engano o endereço deste blog quando estava a passar-lhe duas embalagens de um antipsicótico, antes que os gregos, perdão, o Governo, diminuísse, de forma inexorável, a comparticipação... Os meus núcleos paranóides suspeitam que ele quer saber que valor atingirão as minhas receitas, assinadas, no Ebay...<br />
<br />
Agora a sério...<br />
Para todos os que se perguntam se algo me aconteceu, informo que estou submerso perante uma pilha de documentos.<br />
E, brevemente, submergirei perante uma pilha de livros, ou não tivesse eu uma certa nostalgia dos tempos da faculdade...<br />
<br />
Não prometo que volto (qualquer promessa, com os tempos que atravessamos, corre sérios riscos de se desvanecer por culpa dos gregos...), mas o mais certo é ir voltando...<br />
<br />
E, para nos inspirar, aqui vai um vídeo realizado pela "Crew" da Faculdade de Medicina de Lisboa...<br />
<br />
<object style="background-image:url(http://i2.ytimg.com/vi/YiHEuLTCLgY/hqdefault.jpg)" width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/YiHEuLTCLgY?fs=1&hl=pt_PT"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/YiHEuLTCLgY?fs=1&hl=pt_PT" width="480" height="295" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-21920479915792441272010-08-20T05:00:00.001+01:002010-08-20T05:46:32.864+01:00A culpa é do sistema?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9OKxVY75uOx4PIplqnrVXI8T_y7Co-Q5ZYVjnFuBu1_klqu1uxs9g0Yr56S16f9PGkC6fZmDTbyHJ9KIoE09qfcTnIHRrIbGxH0WAG_6VfbMLGNvOEj6GA9_-KYanksXqstraSlqkQwkr/s1600/saude+dinheiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="167" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9OKxVY75uOx4PIplqnrVXI8T_y7Co-Q5ZYVjnFuBu1_klqu1uxs9g0Yr56S16f9PGkC6fZmDTbyHJ9KIoE09qfcTnIHRrIbGxH0WAG_6VfbMLGNvOEj6GA9_-KYanksXqstraSlqkQwkr/s200/saude+dinheiro.jpg" width="200" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>O que é comum ao Serviço Nacional de Saúde e às SCUT?<br />
Não, não é o facto de ter buracos por tudo quanto é sítio... (Aliás, toda a gente sabe que as autoestradas deste País são o paradigma da boa construção - basta ir à A8...) <br />
É o facto de toda a gente pensar que, pelo facto de ser "tendencialmente gratuito" não se faz pagar - e bem, pelos Portugueses... e que os recursos a ele associados não são escassos...<br />
<br />
Isso é especialmente verdade quando a malta se lembra de exigir um serviço de urgência polivalente, com ortopedia, medicina interna, cardiologia, obstetrícia, dermato-venerologia, pneumologia, medicina tropical e sexologia clínica, a cada 20 km... <br />
<br />
Algo está, igualmente a falhar, quando algumas pessoas vão às 5 da manhã para a fila da consulta de urgência no centro de saúde, porque "se sentem sozinhas em casa e precisam de conversar"...<br />
Devo admitir que os 2 ou 3 euros que se paga por uma consulta de urgência no Centro de Saúde são muito mais baratos do que ir a uma consulta de Psicologia... ou, diz-se, ligar para aquelas senhoras que aparecem muito despidas em anúncios da televisão e dizem "Me liga, vai!"... mas são seguramente mais caros do que conversar com os vizinhos, ligar para o SOS Voz Amiga, ou ir desabafar com o padre da paróquia...<br />
O problema não é exclusivo das pessoas que vão para a fila: algo está a falhar ainda antes dos cuidados de saúde - associações de apoio à terceira idade, organizações não governamentais...<br />
<br />
A questão por si não teria importância se não estrangulasse os cuidados primários, que, já de si sufocados com mobilidades, PEC'S e outras coisas que ficam muito bem no orçamento, já mal conseguem dar conta do recado...Os cuidados de saúde primários não conseguem ser acessíveis às pessoas...<br />
<br />
E qual o resultado?<br />
<br />
Qualquer pessoa, mesmo tendo uma depressão daquelas que não matam mas moem, há 10 anos, uma unha encravada há 10 meses, ou uma gripe que se trata a chá de limão com mel, há 10 horas, desemboca na urgência...<br />
<br />
E manter urgências abertas para tratar situações que poderiam ser encaminhadas com uma boa rede de cuidados primários é como construir uma casa pelo telhado...<br />
<br />
Não me entendam mal... Temos dos melhores serviços de saúde do Mundo... Se podia estar mais organizado? Podia... mas não era a mesma coisa...Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-13375826322230328822010-03-04T19:46:00.001+00:002010-03-04T19:47:30.562+00:00A quase ciclotimia da profissão<div class="MsoNormal"><a href="http://0.gravatar.com/avatar/8d44d4ae57db5a7541243827bc08b545?s=128&d=identicon&r=G" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://0.gravatar.com/avatar/8d44d4ae57db5a7541243827bc08b545?s=128&d=identicon&r=G" /></a>Cada vez estou mais convencido de que a nossa adaptação à profissão, ou àquilo que fazemos na vida, evolui por ciclos.</div><div class="MsoNormal">Num dia, achamos que até temos jeito para aquilo que fazemos. A vida corre-nos bem, até conseguimos ter uma relação satisfatória com as pessoas que tratamos e com os colegas de trabalho. Verificamos que os nossos doentes, apesar de tudo, até melhoram, e sentimo-nos moral e pessoalmente recompensados. Com os nossos colegas temos uma relação perfeitamente harmoniosa (ou pelo menos sem cenas de pugilato, o que já não é mau…). Sentimo-nos, do ponto de vista técnico, científico e pessoal plenamente validados e respeitados. A nossa consulta do hospital cada vez está melhor. Ainda bem que escolhemos a profissão – dizemos, exultantes… Como diria um certo Cândido, tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos…</div><div class="MsoNormal">Para quê mudar a nossa profissão, a Vida, o Mundo?</div><div class="MsoNormal">Daí a uns dias, umas semanas, uns meses, com ou sem factor desencadeante, achamos que somos uma nódoa completa, que somos as pessoas mais incompetentes à face da terra, e que não temos jeito para coisa nenhuma, perguntamo-nos a nós próprios como vamos ser capazes de fazer o exame de especialidade que se aproxima a passos largos, Sentimos que a nossa consulta hospitalar é comparável a uma autêntica máquina de encher chouriços: entra doente (em linguagem económica e politicamente correcta, utente ou, mais modernamente, cliente) , sai doente + receita + consulta marcada daí a uma infinidade de tempo, porque os doentes são cada vez mais e os médicos cada vez menos… (ou em linguagem económica e politicamente correcta, a estrutura está cada vez mais ligeira…)</div><div class="MsoNormal">Nestas alturas, questionamos a nossa própria capacidade de comunicação interpessoal, com os doentes e com os colegas de profissão. Os primeiros, até pioram… Quanto a estes últimos, transformamo-los, salvo algumas excepções, num conjunto de seres cínicos, frios e superficiais que acumulam em si tudo quanto é traço socio e psicopático da personalidade, e que têm uma opinião sobre os nossos atributos técnicos e pessoais semelhante à que a maior parte dos portugueses tem dos atributos vocais do Zé Kabra… </div><div class="MsoNormal">Vislumbramos quarenta mil futuros alternativos, todos resplendorosos, e que passam, pasme-se, pelas opções que estavam ao lado, na nossa vida, e que não tomámos. Arrependemo-nos amargamente das bolinhas que, em tempos idos, quase que numa outra vida, colocámos num boletim alaranjado (ainda não se falava sequer de Internet nem de candidaturas por esse meio), que, depois de uma fila de algumas horas, numa escola secundária do centro da cidade, entregámos, cheios de esperança no futuro.</div><div class="MsoNormal">Pensamos na carreira brilhante que poderíamos ter tido na engenharia, ou num qualquer ramo da matemática, excepto a combinatória, bem entendido… Esquecemo-nos do quão secante pode ser a algoritmia, ou do quão intragável se pode, para os mais incautos, tornar a álgebra linear. Pensamos no quão isenta de preocupações, ralações e mesquinhices seria a nossa vida se tivéssemos escolhido passá-la rodeados de números e de algaraviadas cheirando a fórmulas matemáticas, fechados no nosso mundo e isolados do resto da Humanidade...</div><div class="MsoNormal">Consideramos mudar de especialidade, mudar de profissão, mudar de Mundo.</div><div class="MsoNormal">Esquecemo-nos do quanto aprendemos nos últimos anos sobre a Vida e sobre as pessoas. Esquecemo-nos de que essas mesmas escolhas do passado condicionaram aquilo que somos hoje.</div><div class="MsoNormal">E, tudo isto, porque somos “muito fortes”, guardamos para nós (a maior parte de nós, porque queremos manter uma determinada imagem nos outros) e recusamo-nos a partilhar estas dúvidas existenciais com quem quer que seja… E vamos vivendo a nossa vidinha, como se não fosse nada, explodindo de vez em quando, e esquecendo-nos de que os outros, muitas vezes, têm dúvidas existenciais/vocacionais semelhantes às nossas, e que estas são transversais a várias pessoas, a várias profissões e a várias sociedades.</div><div class="MsoNormal">Até a um novo dia, em que achamos que temos algum jeito para aquilo que fazemos… e tudo se repete, uma e outra vez…<br />
<br />
</div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">PS – Ciclotimia – característica temperamental que se caracteriza pela variação relativamente rápida – em dias - do humor, sem factor desencadeante aparente.</span></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-25244481239930463852010-02-22T14:15:00.000+00:002010-02-22T14:15:15.373+00:00QuickieComo se deixa uma pessoa com personalidade obsessiva ocupada durante meia hora?<div><br />
</div><div><ol><li>Dá-se-lhe um papel e uma caneta </li>
<li>Retira-se computadores, telemóveis, calculadoras, e todo e qualquer objecto que seja mais recente que um original d'Os Lusíadas... </li>
<li>Pede-se para calcular o valor de PI com 1000 casas decimais.</li>
</ol><div>Como se deixa um hiperactivo com déficit de atenção ocupado dois dias?</div><div><br />
</div><div><ol><li>Retira-se o papel e a caneta (se houver)</li>
<li>Dá-se-lhe um computador com acesso à internet e 200 jogos instalados.</li>
<li>Diz-se-lhe: "Agora não sais daí enquanto não escreveres um ensaio de 1 página a descrever a paisagem que vês da tua janela"</li>
</ol></div></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-41582498007299539312010-02-16T12:51:00.000+00:002010-02-16T12:51:13.186+00:00De molho...<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial;"><br />
</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Quando os doentes da nossa consulta de segunda-feira à tarde se despedem de nós, numa clara inversão de papéis, com a expressão "Então as suas melhoras, doutor...", há um sinal de que algo se passa, e que é tempo de pararmos um bocadinho...</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></div>Confesso que detesto estar engripado... A sensação de apneia causada pelo nariz obstruído, as dores musculares, como quem ficou todo partido do ginásio sem ir lá há uns bons meses, a tosse, produtiva, de 15 em 15 segundos (sobre a qual não vou ser escatológico o suficiente, a ponto de descrever a semiologia da expectoração), as noites perdidas entre lenços de papel cheios, a cabeça como se tivéssemos duas ressacas ao mesmo tempo, dão-me cabo da paciência...<div><a href="http://www.motoca.net/motoca/flashback/jogos/operacao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="189" src="http://www.motoca.net/motoca/flashback/jogos/operacao.jpg" width="200" /></a>Do lado positivo, há o beijo agri-doce da vitamina C, o sumo de laranja feito pelo robot de cozinha que custa o equivalente ao PIB de um pequeno país Africano (com o devido respeito pelos pequenos países africanos) mas pelo menos faz umas sopas, a justificação mais que muita para se estar a dormir...<br />
<div>Portanto, tive de decidir passar o Carnaval mascarado de enfermo... Só espero é que, à semelhança do jogo da infância de algumas das pessoas que nasceram na década de 70, ou no início da década de 80, não me venham tirar peças de plástico cá de dentro e não me obriguem a fazer buzz...</div></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-48971480953503639272010-02-11T18:39:00.003+00:002010-02-11T18:54:39.381+00:00Mau génio<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><div><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Artur_de_Ara%C3%BAjo_Pereira">Ricardo Araújo Pereira</a> é, para muitos, o melhor humorista português. Para outros, nomes como <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Herman_Jos%C3%A9">Herman José</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Man%C3%ADlio_Haidar_Badar%C3%B3">Badaró</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Solnado">Raúl Solnado</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_santana">Vasco Santana</a> ou <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_socrates">José Sócrates</a> são mais do que consensuais... Outros, ainda, argumentarão que o humor é uma característica do povo português, patente em obras magistrais como o Processo Apito Dourado, ou que o melhor humorista é um anónimo jornalista do "24 horas" (para não ser sempre o "Correio da Manhã" o culpado), que escreve todos os dias com um pseudónimo diferente...</div><div>Para mim, um dos melhores humoristas portugueses de todos os tempos é André Brun. E não, não estou a brincar aos pseudo-intelectualóides de esquerda que devoram filme franceses ao pequeno almoço, em vez de comerem criancinhas... É mesmo sincero...</div><div><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Brun">André Brun</a> viveu no Portugal do início do Século Passado, que, pelos vistos, era em tudo semelhante ao Portugal de hoje, só que com menos défice orçamental e com o petróleo mais barato...</div><div>Numa altura em que quem sonhasse sequer com a ideia de haver possibilidade de falar à distância com outras pessoas, ou de ler textos que existem apenas numa realidade etérea, daria direito a exorcismo imediato, André Brun consegue a proeza de retratar, com uma penada, há 96 anos, a maioria dos comentários dos leitores online do Correio da Manhã (<a href="http://psiquiatradanet.blogspot.com/2009/10/os-premios-do-cm.html">isto é perseguição!!!</a>) ou do Público...</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px; line-height: 20px;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.prof2000.pt/users/secjeste/Arkidigi/TeatroPort/006_AndreBrun.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://www.prof2000.pt/users/secjeste/Arkidigi/TeatroPort/006_AndreBrun.jpg" width="142" /></a></div><br />
<i>"MAU GÉNIO</i><br />
<i><br />
</i><br />
<div align="justify"><i>Está demonstrado que um portuguez mata sete pessoas por dia, em média. Logo de manhã acorda e pergunta se já viéram as botas do sapateiro, onde estão a receber fabrico de meias solas e atacadores novos. Ao saber que o homem faltou como um cão ao prometido, primeiro homicídio:</i></div><div align="justify"><i>- Mariola! Bandido! Pulha! Safardana! Com que botas hei-de sair agora? Só dando um tiro naquêle tipo...</i></div><div align="justify"><i>A família lá o aquiéta com um chavena de café com leite, calmante poderoso para o alfacinha, e dá-lhe os jornais para lêr. Logo na terceira coluna vem a transcrição duma gasêta estrangeira, em que o regimen é caluniado e se reclama a intervenção das potências. O furôr não conhece limites:</i></div><div align="justify"><i>- Ah cães! Infames! O que êles precisavam era a lingua cortada, a mão decepada, o bofe arrancado pelos tornesêlos e a vida fóra...</i></div><div align="justify"><i>Para socegar os nervos, lê o anuncio do Zé Clemente, levanta-se, lava a cara e vae almoçar. Comparece um bacalhausinho, cercado duma numerosa comissão de grêlos. Fala-se na carestia dos géneros alimentícios, na exploração dos revendedôres, e erguida a faca escorrendo aseite, o nosso amigo berra:</i></div><div align="justify"><i>- O que </i><em>êles </em><i>precisavam sei eu! Não querem crer que isto não vae lá doutra maneira. Se eu governasse meia hora, enforcava meia dûsia e veriam como isso ficava de emenda...</i></div><div align="justify"><i>Enrolado o guardanapo, sae o homem á rua. Está uma carroça parada e um brutamontes á pancada ao pobre cavalinho? Claro está que a unica maneira de remedear o caso era dar uma chicotada no selvagem e matá-lo para o ensinar a viver. No </i><em>placard</em><i> dum jornal lê-se que um </i><em>chauffer</em><i> atropelou um cidadão pacato e ordeiro? Forma de faser justiça: fusilar metade dos</i><em>chauffers</em><i> e pegar fôgo aos automoveis que andem com excesso de velocidade. Se acrescentarmos a isto que os sindicalistas todos deviam ser fritos em aseite, que os namorados que matam as namoradas se lhes deviam arrancar as unhas dos pés, etc., etc., podemos faser uma pequena ideia do pitorêsco que teria a existencia, se fosse regulada pelas impulsões de que os portuguêses são tão pródigos. Nas questões particulares nem se fala. Todos nós temos pelo menos cincoenta vitimas em vista, pessoas que nos têm sido desagradeveis e a quem aplicariamos os mais inquisitoriais tormentos.</i></div><div align="justify"><i>Afinal de contas somos todos incapases de faser mal a uma mosca e estamos sempre prontos a lançar nos ao mar para salvar uma sardinha que corra risco de se afogar.</i></div><br />
<div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 20px;"><i>André Brun, 30-Junho-913</i>"</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 20px;"><br />
</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 20px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Nota: O texto é transcrito com a ortografia original, numa altura em que placard se escrevia placard e não placar... O clube de fãs de Malaca Casteleiro e do Acordo Ortográfico que se insurja a ver se eu me importo....</span></i></span></span></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-81336576700052416872010-01-23T08:52:00.001+00:002010-01-23T08:55:57.175+00:00Eu também nunca me vou habituarHoje, tenho razões para dizer que, tal como o <a href="http://refogadoehortela.wordpress.com/">Calvin</a> e a <a href="http://paracucaginguba.blogspot.com/">Paracuca</a>, <a href="http://refogadoehortela.wordpress.com/2009/01/25/historia-clinica-nunca-me-vou-habituar/">nunca me vou habituar</a>... a comunicar <a href="http://paracucaginguba.blogspot.com/2010/01/existe-um-momento-mal-definido-que-faz.html">"a notícia"</a> à família. Subscrevo inteiramente o que eles disseram...Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-90912860754320909072010-01-23T01:00:00.001+00:002010-01-23T01:49:11.871+00:00Como se faz um psiquiatraA pedido de várias famílias, aqui vai uma dissertação de alguns minutos sobre "como se faz um psiquiatra"<br />
<br />
<span style="color: #3333ff; font-size: medium;">O que é um psiquiatra?</span><br />
<br />
Um Psiquiatra é um médico. Só que, em vez de tratar outro tipo de coisas, como por exemplo hemorróidas, especializa-se no diagnóstico e tratamento de pessoas com doença mental. Mas o papel do psiquiatra, como o de qualquer médico, não se deve limitar só a isso... Deve incide sobre a prevenção da doença e sobre a promoção da saúde, bem como educação para a saúde.<br />
Ocasionalmente, há psiquiatras que pensam que esta especialidade é um ramo da filosofia. Isto dá-lhes uma abrangência completamente diferente, reservando-se a si próprios o direito de opinar sobre tudo o que vier à discussão. São uma espécie de Marcelos Rebelos de Sousa da Psiquiatria, mas sem o brilhantismo...<br />
<br />
<span style="color: #3333ff;">Quais são as implicações do facto de o psiquiatra ser médico?</span><br />
<br />
O facto de ser médico tem várias implicações associadas, como por exemplo:<br />
<ul><li>Tem uma licenciatura em Medicina, que inclui um estágio final, e um período de formação chamado Ano Comum, em que passa por várias especialidades médicas "fundamentais".<br />
</li>
<li>Faz um <a href="http://www.ordemdosmedicos.cv/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=3">Juramento</a> no início da carreira, em que, entre outras coisas, jura que o doente é a sua primeira preocupação.<br />
</li>
<li>Recebe sempre no Natal figuras, estatuetas, azulejos e outras obras de arte a lembrar-lhe isso mesmo.</li>
<li>Faz uma especialidade de Psiquiatria (5 anos além do ano comum), com vários estágios dentro das diferentes sub-áreas da especialidade.<br />
</li>
<li>A preparação em Medicina confere conhecimentos não só para fazer diagnósticos, mas também para escolher a melhor opção terapêutica, de acordo com o seu conhecimento.</li>
<li>Os psiquiatras estão sujeitos à tutela deontológica da Ordem dos Médicos.</li>
<li>De vez em quando (regra geral, uma vez ou mais por semana) os psiquiatras têm de fazer uma coisa chamada serviço de urgência. No serviço de urgência, o médico exercita várias competências: técnicas de persuasão, luta na lama, introdução à burocracia, introdução ao cargo de polícia sinaleiro... de psiquiatria propriamente dita, o serviço de urgência tem, de vez em quando, algumas coisas...<br />
</li>
</ul><br />
<span style="color: #3333ff;">Que terapêuticas é que o psiquiatra pode realizar/administrar?<br />
</span><br />
<br />
O psiquiatra pode prescrever fármacos ou prescrever/realizar outro tipo de terapêuticas (por exemplo, electroconvulsivoterapia, estimulação magnética transcraniana....). Pode, igualmente, articular com outros técnicos de saúde mental, para realizar outro tipo de intervenções (como por exemplo, a dança da chuva, que foi fruto de várias meta-análises no <a href="http://www.theonion.com/">The Onion</a> e no <a href="http://www.qfever.com/">Q Fever</a>...), podendo realiza-las se tiver qualificação para tal.<br />
Como médico, o psiquiatra está deverá prescrever/realizar intervenções devidamente baseadas na evidência científica. Isso não significa que não haja psiquiatras que não entendam que, pelo facto de uma determinada escola de pensamento, em que se inserem, ter um dado tipo de postura, não a defendam como um verdadeiro talibã, mesmo que a evidência científica a sustentá-la não seja assim tão forte...<br />
Nesse caso específico das religiões, devo dizer que sou mais pela <a href="http://www.youtube.com/watch?v=ucicaa0uy8o">Bimby</a>...<br />
Normalmente, o psiquiatra não trabalha isolado. Trabalha em equipa com vários profissionais: o psicólogo, o psicopedagogo, o médico de família, o assistente social... mas também, segundo algumas escolas, com o padre, o xamã e a stripper...<br />
<br />
<span style="color: #3333ff;">Qual é a diferença entre um psiquiatra e um psicólogo?<br />
</span><br />
<ul><li>A primeira diferença é o tipo de canudo... O psicólogo tem uma licenciatura em psicologia. O psicólogo é exímio a fazer avaliações ("<a href="http://www.youtube.com/watch?v=8avbKvk5zkY">o que vê neste desenho?</a>"), em caso de dúvidas de diagnóstico e, normalmente, tem formação em psicoterapia, pelo que pode realiza-las a pedido do psiquiatra ou do médico de família.</li>
</ul><ul><li>Teoricamente, quem faz os diagnósticos é o psiquiatra, apoiado na história clínica, no exame do estado mental e nos exames complementares de diagnóstico, que podem incluir exames imagiológicos ou análises clínicas, e a avaliação feita pelo psicólogo.<br />
</li>
</ul><ul><li>O psicólogo não tem vinhetas - não pode passar receitas nem atestados... (too bad.... :P) </li>
</ul><br />
<span style="color: #3333ff;">Para se ir para psiquiatria é preciso ter uma determinada estrutura?<br />
</span><br />
<br />
Não. Se bem que ter 1,90m e 110 kg de peso ajude, quando se trata de doentes mais agitados...<br />
A nível psicológico, tal como os cirurgiões se têm que esterilizar antes de uma operação, o psiquiatra também deve, durante a formação, adquirir ferramentas para lidar com o sofrimento próprio e o dos outros...<br />
Por experiência própria, devo dizer que o que mais custa não é lidar com as pessoas com doença mental, mas sim com a sociedade em que estão inseridos...<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="margin: 0px;"><span style="color: #3333ff;">Como se forma um psiquiatra?<br />
</span><br />
</div><div style="margin: 0px;"><br />
</div><div style="margin: 0px;">Depois de passar pela licenciatura em medicina, onde tem contacto com psicopatologia em várias vertentes, o aspirante a psiquiatra tem de fazer um exame baseado num livro de Medicina Interna. Na prática, isto significa empinar capítulos desse livro e fazer perguntas de escolha múltipla sobre isso...<br />
</div><div style="margin: 0px;">Depois, faz 12 meses de ano comum, já remunerado, em que passa por várias especialidades, a saber: Medicina, Cirurgia, Pediatria, Ginecologia/Obstetricia e Medicina Geral e Familiar.<br />
</div><div style="margin: 0px;">Só aí, se sobreviver a este processo todo, ingressa na formação específica do internato médico. Durante este período, passa por vários estágios, a saber:<br />
<ul><li>24 meses de internamento - em enfermarias de serviços de psiquiatria</li>
<li>3 meses de neurologia</li>
<li>3 meses de psiquiatria de ligação (a disciplina da psiquiatria que lida com a interrelação com as outras especialidades médicas)</li>
<li>6 meses de pedopsiquiatria</li>
<li>6 meses numa estrutura de internamento parcial (hospital de dia)</li>
<li>3 meses em serviços de reabilitação de abuso de substâncias</li>
<li>3 meses em serviço de psiquiatria comunitária</li>
<li>12 meses em estágios opcionais.</li>
</ul>É obrigatória, neste período, a realização de serviço de urgência e a realização de consulta, ainda que com supervisão, pelo menos em teoria...<br />
E é assim que se forma um psiquiatra... Em posts próximos, focaremos "Como se faz um electricista", Como se faz um serralheiro mecânico" e "Como se faz um boneco de loiça das Caldas"...<br />
</div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-69255119564434477242010-01-15T12:31:00.004+00:002010-01-18T12:46:02.704+00:00Bujoterapia<span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Dos cânones da Psicologia e da Psiquiatria constam várias abordagens terapêuticas, desde a electroconvulsivoterapia até às psicoterapias transpessoais.</span></span><br />
<div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Não vou aqui hoje discutir a eficácia/efectividade de nenhuma das mais clássicas, apesar de subscrever plenamente o que um professor irlandês de Psiconeuroimunologia dizia: "If I ever go nuts, connect me to the mains..." (Tradução livre: "Se eu ficar doente, ponham-me o dedo na ficha eléctrica e dêem-me músicas do Nel Monteiro") (Tradução do Google: "Se eu enlouquecer, me ligar à corrente")</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.espnsportsnetwork.net/IMAGES/beer-glass.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.espnsportsnetwork.net/IMAGES/beer-glass.jpg" width="213" /></a><br />
</div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Contudo, gostaria de deixar aqui uma nota sobre a bujoterapia.</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">A bujoterapia já é conhecida desde o Egipto. De acordo com a evidência científica, tem um indubitável valor profiláctico no que toca à saúde mental. Pensa-se que tenha ainda um valor curativo no que toca à <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Olig%C3%BAria">oligúria</a>.</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">A formação em bujoterapia não dura muito tempo. Talvez uns 30 minutos... É feita, de forma continuada, nas tascas à volta das escolas e faculdades deste país... As pessoas do sexo masculino são, à partida, peritas na coisa.</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">A bujoterapia não requer um grande investimento. Apenas a necessária e suficiente quota-parte na cadeia de lojas de distribuição alimentar mais próxima... Consta que <a href="http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1418017">a bujoterapia tem uma relação custo/benefício bastante boa na Alemanha</a>, motivo que vai originar, segundo se espera, um grande fluxo migratório para esse país, nos próximos tempos.</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Para os que ainda se questionam sobre o que é a bujoterapia, penso que as instruções para a sua realização serão elucidativas. As instruções que se seguem são válidas para o sexo masculino (oh não, mais um post machista...) mas poderão ser adaptáveis facilmente ao sexo oposto...</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">1) Vá à loja da cadeia de distribuição alimentar mais próxima e compre 5 litros de cerveja, ou arranje <a href="http://superbock.pt/SuperBrand/XpresS/">uma geringonça destas</a> ou similar e siga as instruções</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">2) Assegure-se que a "patroa" foi sair com as amigas</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">3) Convide os amigos lá para casa</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">4) Saboreie em conjunto com os seus amigos o líquido amare... dourado...</span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">5) Permita que cada um fale de si, de mulheres, do trabalho, de futebol, do que quer que seja... (tópicos para as mulheres: compras, roupa, pensos higiénicos - grande parte dos anúncios de pensos higiénicos revelam-nos que cada vez que um grupo de mulheres se junta é para falar sobre pensos higiénicos ou tampões, o que quer que seja...)</span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">6) Repita o tratamento semanal ou quinzenalmente.</span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;"> </span><br />
</div><div><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Vantagens da bujoterapia:</span></span><br />
</div><div><ul><li><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Promove a autoestima</span></span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Melhora o suporte social</span></span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Melhora a assertividade e a expressão das emoções.</span></span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Quando em contexto de obra, melhora a qualidade dos piropos</span></span></li>
</ul><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Advertências:</span></span><br />
</div><div><br />
<ul><li><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">A bujoterapia, como qualquer tratamento, não deve ser usado em excesso, pois transforma fígados saudáveis em iscas com elas.</span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">O consumo agudo de bujas pode fazê-lo fazer table-dancing e imitar a Amy Winehouse... </span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">A bujoterapia dá <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Depend%C3%AAncia_f%C3%ADsica">dependência</a> se for feita todos os dias... </span></li>
<li><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">Pode, igualmente, contribuir para sugar uma parte significativa dos seus rendimento. Mas isso, também os <a href="http://www.aardvarkpr.co.uk/download/aixam/Aixam_A751_04.jpg">papa-reformas</a> e o <a href="http://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/home.action">Ministério das Finanças</a>... já para não falar daquelas senhoras que gostam de dançar em varões...</span></li>
</ul></div></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-80131068830921112822010-01-08T01:18:00.000+00:002010-01-08T01:18:02.985+00:00Eu sobrevivi...... à vacina da gripe A!<br />
<br />
E confesso que, aparte umas amigdalas hiperemiadas [vermelhas] e alguma odinofagia [dor de garganta], e as mazelas decorrentes de uma técnica de injecção com ligeiras semelhanças com as formas de tortura nos campos de concentração do regime de Pol Pot, nem sequer uma interrupção de gravidez tive... <br />
<br />
Mas também só passaram 24 horas... Ainda vou a tempo de ter uma intoxicação por mercúrio, dada a quantidade cataclísmica de timerosal existente na vacina, de acordo com algumas fontes (as mesmas que dizem que a microsoft doa 5 cêntimos por cada e-mail que reencaminhemos...)<br />
<br />
Se eu por acaso começar com um mutismo grande, daqueles que parecem mesmo um coma, eu coloco aqui só para terem um update da situação... <br />
<br />
<div style="text-align: center;">(<span style="font-size: x-small;">Ah, isto não é o twitter? Então esqueçam...)</span><br />
</div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-5122433968626300242010-01-05T18:26:00.004+00:002010-01-08T01:18:33.373+00:00Ecce homo..."A homossexualidade não é uma doença" - a frase, repetida até à exaustão pelo assistente que me calhou na rifa em tudo quanto era aula prática de Psiquiatria, na faculdade, ganhou um novo ênfase nos últimos meses.<br />
<br />
Saiba-se lá porquê, os media deste canto da península Ibérica (há quem diga que pertencemos ao continente europeu...), desataram, há uns meses, a apregoar aos quatro ventos, a existência de uma suposta "cura" para a homossexualidade.<br />
<br />
Quer dizer, lá porque a malta tem um curso de Medicina, e, de vez em quando, ser equiparada à categoria de Divindade (com direito a queixas nas mais altas instâncias judiciais deste país, nomeadamente, os tablóides) nós podemos escolher quem é que gosta de meninas e quem é que gosta de meninos, ou que cavidades corporais é que as pessoas usam, e para que funções...<br />
<br />
Decerto honrado por ter sido promovido a moralizador das cavidades corporais do pessoal, o sempre douto colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos levou como trabalho para casa a elaboração de um parecer sobre esta matéria. Lá se pronunciou, da forma diplomática que lhe é característica, reiterando a frase predilecta do meu assistente, mas dizendo que havia, ainda, na classificação da Organização Mundial de Saúde, uma coisa reminiscente, chamada Homossexualidade Egodistónica.<br />
<br />
E aqui é que a porca torce o rabo... Salvo seja, porque ninguém quer discriminar a porca!<br />
Egodistónico é um palavrão que se usa quando aspectos do comportamento, dos impulsos, dos pensamentos ou da personalidade são desconfortáveis para um indivíduo, ocorrendo não por sua escolha mas contra a sua vontade.<br />
<br />
Para perceber este laivo de "psiquiatrês" que é o conceito de egodistonia, deixemos por agora a questão da homossexualidade: imaginemos uma pessoa a quem acorrem à cabeça, de forma sistemática e contra a sua vontade, ideias de bater na sogra. Não é assim tão comum, mas suponhamos que essa pessoa até gosta da sogra. De repente vêm estas ideias à cabeça, não havendo outro remédio senão lutar contra elas...<br />
A questão é que lutar contra estas ideias dá uma trabalheira enorme. Pode, por exemplo, fazer com que a pessoa deixe de fazer a sua actividade normal... Pode, inclusive, conduzir a ansiedade e depressão, com agravamento dos sintomas. É este o significado de egodistonia.<br />
<br />
A intervenção de qualquer técnico de saúde mental vai no sentido de baixar, à pessoa em questão, os níveis de ansiedade, os quais aumentam, em espiral, a egodistonia, bem como impedir que a pessoa fique presa à volta do mesmo pensamento. (não é o pensamento em si mas o "ficar presa" que nos preocupa...) Isto faz-se com psicofármacos, com psicoterapia e com psicopedagogia...<br />
<br />
Portanto, em relação a esta questão, aquilo que se vai tratar é essa tal de egodistonia.<br />
<br />
Com a homossexualidade egodistónica, deverá passar-se o mesmo. O cerne da questão não é o ser-se homossexual, mas sim a egodistonia, nestes indivíduos. É ela, bem como as suas consequências, que deve ser alvo de tratamento... e sempre, como em tudo na medicina, com o consentimento livre e esclarecido do indivíduo em questão...<br />
<br />
Agora, dizer que a homossexualidade é uma doença e tem tratamento, é tão verdade como dizer que, numa mulher, ter peitos pequenos é uma doença e que se deveria pôr os Wonderbra à venda nas farmácias sob prescrição médica, e comparticipar os implantes de silicone... (Com a devida vénia às senhoras que lêem isto e deixando que façam a analogia com o equivalente no sexo oposto...)Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-40429310849223602822009-12-23T20:13:00.001+00:002010-01-17T11:50:24.672+00:00Méri Craistmas<div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">O Homem é um ser gregário. Pelo menos no Natal, já que no Ano Novo é um ser Gregório...</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">Serve este cliché sociológico para vos desejar um Bom Natal, em pareceria com o tio Belmiro e a Visa International, que, como já vem sendo hábito há alguns anos, patrocinam efusivamente o Natal dos Portugueses...</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">E, para aqueles que não têm Natal, porque têm uma religião qualquer que ela seja, desejo um bom "pretexto-seja-ele-qual-for-para-reunirem-a-família"... </span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 13px;">E, por muito complicada que seja a vossa a família, por muitas discussões que origine (ou não) o sítio onde se passa um jantar do ano, pensem naqueles que não a têm e sintam-se reconfortados por terem a sorte (e a saúde) para usufruir do carinho dos que vos são queridos...</span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;">(Porque a solidão, ao contrário do que muita gente pensa, não se pode tratar por si com comprimidos...)</span></span><br />
</div><div><span style="font-family: Arial; font-size: small;"><span style="font-size: 13px;"><br />
</span></span><br />
</div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-46081351269370786512009-10-13T23:58:00.003+01:002010-01-17T11:50:46.504+00:00Os prémios do CMConfesso que, nos meus tempos livres, quando me quero rir um bocadinho e tenho a internet à mão, para além de alguns blogs que cá em casa se apelidam de "humorísticos", abro a página online do jornal <a href="http://www.correiomanha.pt/">Correio da Manhã</a>.<br />
De facto, o jornalismo que aí se faz é uma espécie de miscigenação entre o jornalismo nonsense do "<a href="http://www.theonion.com/content/index">The Onion</a>" e o teatralismo quase neoclássico das peixeiras do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_do_Bolh%C3%A3o">Mercado do Bolhão.</a><br />
E um dos segredos do sucesso desse jornalismo começa logo na escolha do que é notícia...<br />
Só para dar um exemplo, quiçá por os costumes do país serem tão brandos que um simples projecto se toma por semelhante a um acto já consumado, as pessoas nem precisam de escrever no livro de reclamações para darem azo a uma notícia... Basta ponderarem fazê-lo...<br />
Outro dos segredos é a forma exemplar como retratam as pessoas que, por algum acidente, quase sempre negligência da parte de alguém, se vão desta para melhor: basta uma fotografia do defunto/a empunhada sanguinariamente pelo ente querido, de preferência estando este último lavado em lágrimas... Assustadoramente genial!<br />
<br />
Contudo, não é só o jornalismo histriónico que me diverte. São também os comentários...<br />
<br />
Uma das características dos Portugueses é a forma intelectual, sempre conhecedora da melhor evidência científica, com que opinam, despudoradamente, sobre todo e qualquer assunto. Outra característica é a forma totalmente pedagógica, a roçar o detectivesco, como o fazem. Mesmo que nunca tenha visto a "cena do crime", os suspeitos nem as vítimas, fazendo corar de inveja qualquer Sherlock Holmes que se preze, o português sabe sempre quem são os culpados.<br />
<br />
A saúde não é excepção à regra.<br />
<br />
Na minha opinião, o CM tem uma lacuna grave. Ao invés do Serviço Nacional de Saúde, não premeia devidamente as pessoas que, com tanto esforço árduo e dedicação, emitem a sua posta de pescada. Impõe-se aqui, portanto, no cumprimento do dever cívico deste blog, dar prémios aos comentários do CM, pegando em exemplos tirados directamente da secção de saúde.<br />
<br />
<ul><li>Prémio "a culpa é dos médicos"</li>
</ul><div style="text-align: right;"><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">"</span><span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma;"><span style="font-size: x-small;">Venham-me com histórias. As pneumonias apanham-se devido à falta de cuidados dos médicos e enfermeiros nos hospitais." </span></span><br />
</div></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;">(sobre uma doente que morreu na sequência de uma pneumonia secundária a gripe A)</span><br />
</div><br />
<ul><li>Prémio "A culpa é do governo, que quer que a malta quine para poupar nas pensões de reforma..." </li>
</ul><blockquote><span style="font-size: x-small;">"</span><span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma;"><span style="font-size: x-small;">pneumonia bilateral, bem nao existe vacina da pneumonia?se existe toca a vacinar o povo.ou o governo ker poupar dinheiro"</span></span><br />
</blockquote><div style="text-align: right;"> (sobre a mesma doente)<br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;"></span><br />
</div><ul><li>Prémio "Não é nada disso! No Botswana é que é bom!"</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">Vivo desde 2001 na República Dominicana, acompanho diáriamente através deste meio, a nossa desorientada coexistencia. Portugal teria muito que aprender com este povo, acreditem! Quando se vê, de longe, ainda é pior. É aterrador. Para quê, tanta lamentação, se basta ler a nossa história, para se entender, como chegámos a este estado de coisas... "</span><br />
</blockquote><ul><li> Prémio "Hospitais Portugueses: a criar excêntricos aos 40 anos..."</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">Todas as semanas morrem prematuramente em Portugal pessoas por neglicencia dos medicos, pois eles apenas estao interessados no salario nas mordomias aproveitam o horario de trabalho para estudar tratar da vidinha particular e os doentes que se lixem. Ja reparam que em Portugal é considerado uma vergonha um médico chegar aos 40 anos e não ser rico ter duas casas carros luxuosos barcos motos etc.."</span><br />
</blockquote><ul><li>Prémio "A culpa é da justiça"</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">O problema é que nesta justiça não funciona,vão ter 80 anos e ainda andam atrás desse problema, eles sabem por isso estã"</span><br />
</blockquote><ul><li>Prémio "Instituto Nacional de Estatística"</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">Todos nos morreremos mas em Potugal a possibilidade [nos hospitais] sobe ai uns 50%"</span><br />
</blockquote><ul><li>Prémio "Doutor Trolha"</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">Trabalho num hospital e se as pessoas soubessem metade do que se passa, alguns médicos estavam nas obras a trabalhalhar."</span><br />
</blockquote><ul><li> Prémio "A TAC até diagnostica unhas encravadas..." </li>
</ul><blockquote style="text-align: left;">"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">Então e nem sequer lhe fizeram um tac???"</span><br />
</blockquote><ul><li style="text-align: left;">Prémio "Então e a TAC?..." </li>
</ul><blockquote style="text-align: left;">"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">É lamentável que uma urg.Hosp só sirva para se esperar. Um ECG e 1s análises bastava. Pagamos para isso, não?? mvlx"<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium;"> </span></span><br />
</blockquote><ul><li>Prémio "Pois, nós agora temos a TAC..."</li>
</ul><span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;"></span><br />
<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;"></span><br />
<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;"></span><br />
<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;"><blockquote>"É de lamentar que com as tecnologias existentes nos tempos de hoje, se verifiquem situações como esta."<br />
</blockquote><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: right;">(Sobre o caso de uma criança com uma apendicite alegadamente não diagnosticada)<br />
</div></span><br />
<br />
<ul><li>Prémio "Vai na volta tirei o curso de Don Juan e não sei..."</li>
</ul><blockquote><span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">"Esses bandalhos em vez de cuidar dos doentes estão a pensar nas enfermeiras...."</span><br />
</blockquote><br />
<br />
<ul><li>Prémio "My name is Bond.... Dr. James Bond..."</li>
</ul><blockquote><span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">"Os médicos têm licença para matar neste país"</span><br />
</blockquote><br />
<br />
<ul><li>Prémio "Eu é que sei, já diagnostiquei duas apendicites, três enfartes, cinco gripes A e um ataque de caspa, lá no escritório"</li>
</ul><blockquote> "<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">batem se todos q são medicos e etc, mas qd aparece qq coisa mais complicada de diagnosticar ninguem sabe nada."</span><br />
</blockquote><br />
<ul><li>Prémio "É a prática médica do escritório, estúpido!"</li>
</ul><blockquote>"<span style="color: #1e1e1e; font-family: Tahoma; font-size: 10px;">"prática médica geralmente aceite"? Qual é a práctica médica correcta? Os médicos em Portugal têm licença para matar..."</span><br />
</blockquote><br />
<div style="text-align: right;"><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">PS - As presentes citações são um copy-paste da página do Correio da Manhã... Qualquer erro ortográfico não é negligência do autor deste blog...</span><br />
</div></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-79383602722703590362009-09-22T00:06:00.009+01:002010-01-17T11:51:29.388+00:00História de um cuidador...<span style="font-style: italic;">António deixou de ter o Mundo que conhecia... há largos anos...<br />
<br />
</span><span style="font-style: italic;"></span>No início, era a apatia extrema, o desinteresse de Maria por tudo aquilo que a rodeava.<br />
Depois, as perguntas repetidas, a presença de orificios de largura cada vez maior na rede que forma a memória, a perda dos nomes de objectos e palavras fora do uso comum (que tentava encapotar da melhor forma possível, por vezes com recurso a outras palavras igualmente elaboradas...).<br />
<span style="font-style: italic;"><br />
António deixou de ter ordem na casa...</span><br />
Gradualmente, Maria foi piorando: Os objectos fora do lugar, a incapacidade crescente para gerir o livre de cheques, o cartão multibanco esquecido numa caixa automática, o bilhete de identidade e os documentos da escritura da casa que foram parar ao caixote do lixo...<span style="font-style: italic;"></span> E as confusões, cada vez mais...<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">António foi deixando de ter nome...</span><br />
Maria perguntava-lhe onde estava o Marido, aquele rapaz altivo, bem-parecido e bem falante que lhe havia, a despeito das intenções do pai, roubado o sentimento. Paulatinamente, António passou a ser, de acordo com o momento, o sr. Engenheiro, o tio Lambuça, "o outro", ou, em certos momentos, negros como o cair da noite que, por saiba-se lá porque razão, teimava em os acompanhar, aquele que lhe queria "roubar o dinheiro", aquele que lhe queria fazer mal aos filhos, aquele que a queria matar. Quando assim era, Maria atirava-se a António com forças que só ela sabia onde ia buscar... E, sentindo-se ameaçada, gritava, esperneava, batia...<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">António quase deixou de ter amigos...</span><br />
Os amigos do casal deixaram de ser tão assiduos lá em casa. Alguns vizinhos evitavam António na rua... valia-lhes a irmã de António, sempre disposta a ajudar...<br />
<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">António deixou de dormir tranquilo...</span><br />
<br />
Quando dormia, três horas por noite, dormia em sobressalto, sempre com os nervos à flor da pele. Não fosse o diabo tecê-las, e Maria ver, nas sombras, um potencial agressor...<br />
<span style="font-style: italic;">Ma</span>ria passou a ter dificuldade gradual em se alimentar, em fazer a sua higiene pessoal... Depois, passou a não o conseguir fazer... Ao mesmo tempo, veio a incontinência, a necessidade de usar fralda durante a noite e, depois durante o dia... A necessidade de mover Maria de posição, de cuidar...<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">António deixou de conseguir cuidar como queria...</span><br />
Depois da infecção urinária, acamou. De um momento para o outro, deixou completamente de falar... A decisão de colocar Maria numa casa de repouso foi para António a mais difícil de toda a sua vida. Contudo, sabia, no seu íntimo, que não tinha, humanamente, condições para cuidar da esposa durante as vinte e quatro horas do dia...<br />
<br />
Apesar de ser das poucas pessoas com que se depara, <span style="font-style: italic;">António deixou de ter figura. </span><br />
É, na maior parte das vezes, perpassado pelos olhar, outrora vivo, de Maria, como se algo de transparente se tratasse... contudo, talvez reminiscências da infância, os seus olhos ganham um pouco de vida, quando se aproxima um bolo de chocolate...<br />
<br />
PS -Talvez seja necessário, além de nos lembrarmos do sofrimento dos doentes de Alzheimer, lembrarmo-nos do sofrimento dos cuidadores... e apoiá-los...Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-87185312220162966672009-08-08T22:52:00.004+01:002009-08-08T23:18:12.051+01:00Façam o favor de ser felizes...O tio Raul deixou-nos. Partiu. Esfumou-se. Está definitivamente falecido. Não é mais. Deixou de ser. Expirou e foi ter com o criador. É um ex-Solnado...<div><br /><div>Fica para a história como um dos melhores (senão o melhor) humorista de sempre, em Portugal.</div><div><br /></div><div>Espero não estar a cair num cliché, mas acho que a melhor homenagem que se lhe pode fazer é, por mais negra que a situação na nossa vida esteja, dar a volta ao texto...</div><div><br /></div><div style="text-align: center;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">"Façam o favor de ser felizes..."</span></i></div><div style="text-align: center;"><i><br /></i></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">E o que é que Raul Solnado tem a ver com psiquiatria? Aqui vai...</span></div><div><br /></div><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QSLpzrIFLJo&hl=en&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/QSLpzrIFLJo&hl=en&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>/div></div>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-14127177007205198422009-06-04T23:02:00.006+01:002009-06-05T03:02:04.373+01:00Crónica dos bons psicomalandros (III) - Os sabujosHoje, vamos focar um tipo especial de psicomalandros.<br /><br />Este tipo de psicomalandros não se encontra, normalmente, nas filas de espera para a consulta de psiquiatria.<br /><br />Igualmente, também não é internado, a não ser em hoteis de cinco estrelas, ao abrigo de uma qualquer missão governamental...<br /><br />Os sabujos - assim se chamam estes psicomalandros, são um milagre da biologia:<br /><br /><ol><br /><li>Têm um faro especialmente apurado para situações que os coloquem em alhadas.</li><br /><li>Têm capacidade de persuasão - pensem no pior (leia-se, melhor) vendedor do círculo de leitores que vocês já viram. Agora, multipliquem-no por cem, e alarguem o objecto de venda para tudo à face da Terra...</li><br /><li>O desenvolvimento da musculatura das coxas - Nesta espécie de psicomalandros, a musculatura das coxas está extremamente desenvolvida, o que lhes permite livrar-se das alhadas e deixar para trás os seduzidos. O facto de, nos exemplares do sexo masculino, haver um tão grande desenvolvimento muscular face a uma baixa produção de testosterona permanece um mistério da ciência...</li><br /><li>Numa fase inicial do desenvolvimento, têm uma predilecção por ambientes amenos, que lhes aumentem, de forma confortável mas não excessiva, a temperatura nas suas regiões dorsais. </li><br /><li>Quando saem do seu habitat, esta espécie de psicomalandros arma, sem qualquer problema, células que segregam substâncias químicas venenosas, libertando de o ambiente à sua volta de qualquer ser vivo que se atravesse no seu caminho... </li><br /><li>Eventualmente, estes venenos conduzem à destruição do habitat, e de qualquer progenitor, próprio ou adoptivo, que lá se encontre, mas só quando este é incapaz de lhe fornecer o calor necessário à região dorsal.</li><br /><li>Durante o desenvolvimento, têm um alto grau de adaptabilidade a quaisquer outros habitats que frequentem.</li><br /><li>Possuem uma enorme capacidade de sedução superficial - Citando os melhores compêndios de psicologia à face da terra - as telenovelas mexicanas: "Ele é um sacana, mas eu gosto tanto dele!!!"</li><br /><li>Têm uma enorme capacidade de camuflagem. No restante Reino Animal, só o camaleão tem propriedades semelhantes.</li><br /><li>A personalidade destes psicomalandros quase sempre apresenta traços passivo-agressivos. Diz-se, no mundo da ciência que este fenómeno está em relação com os já falados níveis séricos de testosterona, mas os dados são inconclusivos...</li><br /><li>Possuem, ainda, uma ausência quase total de algo que se tornou uma desvantagem adaptativa da espécie humana - a ressonância afectiva.</li><br /><li>Por vezes, alguns exemplares deste tipo de psicomalandros apresenta algumas componentes delirantes de tonalidade quase messiânica, como é exemplificado a seguir...</li></ol><br /><p>Para ilustrar este tipo de psicomalandros, vou apresentar uma vinheta clínica, a exemplo de posts anteriores, com um caso clinico:</p><br /><p>JAA, 52 anos, funcionário público.</p><br /><p>De acordo com alguns colegas - que também sigo, (ouvidos, ainda que contra a ética e após a entrevista de JAA em entrevista separada), com quem reuniu, no contexto de uma reivindicação laboral, ter-lhes-á dito que o chefe os queria tramar [a eles], e que só com a intervenção dele é que isto não se verificou, porque "pôs o chefe a pensar"...</p><br /><p>De acordo com o chefe, acusado de mobbing, durante a reunião, JAA aceitou pacificamente as sugestões que lhe foram feitas pelo superior hierarquico. Ter-lhe-á dito que os restantes trabalhadores se preparavam para lhe pôr um processo...</p><br /><p>À observação, apresenta-se sintónico e cordial. Refere-me que ameaçou o chefe, durante a reunião, com os seus contactos no Ministério... Em relação aos outros trabalhadores, eles adoram-no e fazem tudo aquilo que ele diz... mas "é preciso ter cuidado com eles"...</p><br /><p>Passados cinco anos sobre o caso, e depois de uma ausência forçada, reencontrei o processo, através de outro colega:</p><br /><p>- O chefe tinha sido despedido; </p><br /><p>- Os restantes trabalhadores queixavam-se de mais trabalho ainda;</p><br /><p>- JAA tinha sido promovido e estava a preparar-se para se candidatar às eleições legislativas por um grande partido político...</p><p>Leitor amigo, um conselho para terminar: </p><p>Quando vir um destes exemplares da psicomalandrice em acção na sua empresa, não o provoque... é que ele tem uma probabilidade muito acentuada de ocupar uma posição de relevo na mesma...</p><p><span style="font-size:78%;">Nota: a vinheta clinica é ficcional... (Percebe-se, não?!) Se por acaso achar que esta descrição se adequa a alguém que conhece, recorra ao serviço de urgência da sua área... e peça para lhe darem o medicamento mais forte que tiverem em stock...</span></p>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5586324114967734887.post-74229342590621411642009-05-05T23:42:00.004+01:002009-05-06T03:34:01.282+01:00Crónica dos bons psicomalandros (2)Hoje, vamos falar sobre reformas.<br />Não, não vamos ter uma dissertação de 500 paginas sobre o programa de nenhum <a href="http://www.youtube.com/watch?v=jkIqEjXxaqk">Governo</a> para a última gripe da moda, que mata centenas de vezes menos do que a mais modesta tuberculose mas tem direito a maior cobertura mediática, e até já foi, pela negativa, estrela de telenovelas...<br /><br />Vamos falar mesmo sobre reformas...<br /><br />O bom psicomalandro que se preze, que tenha menos de quatro tumores malignos em coabitação um pouco menos que pacífica no seu organismo e menos de 65 anos de idade não é, como é do conhecimento público, elegível para a reforma.<br />Assim, este blog dá umas dicas para quem se quer reformar usando a psicomalandrice.<br /><br /><ol><li>Abra o DSM-IV TR (ou versão mais recente que vier a ser entretanto publicada). Para quem não sabe, o DSM-IV TR é a bíblia da psiquiatria americana. Contém, num formato redutor q.b., com a consideração que os americanos sempre se habituaram a dar ao trabalho feito pelas pessoas do resto do mundo, a súmula dos diagnósticos psiquiátricos.</li><li>Escolha uma doença (ou grupo de doenças) da sua predilecção.</li><li>Decore os critérios, vírgula por vírgula, ponto por ponto, dessa doença. Sublinhe a marcador os termos que lhe parecerem mais esquisitos e veja num dicionário.<br /></li><li>Note que, como bom doente psiquiátrico americano de estudo, não deve ter aquilo que os médicos chamam comorbilidades - por exemplo, consumir álcool, drogas ou CD's do Toy. Não pode padecer de outras doenças, desde a gripe das aves até à rinite alérgica. Não deve ainda estar a fazer qualquer tipo de medicação, incluindo, se é mulher, o medicamento-que-faz-com-que-a-pessoa-vá-para-a-farra-e-evita-que-tenha-surpresas-ao-fim-de-nove-meses. (vulgo, pílula)<br /></li><li>Fale com o vizinho do lado, o padre, o ajudante de farmácia lá da terra, o tipo que encontra a sair de casa da sua vizinha quando o marido dela não está, a senhora que vende hortaliças lá na praça e o polícia sinaleiro, e diga-lhes que se quer matar. (este passo tem algo de comum com o tutorial anterior)<br /></li><li>Tente resistir ao genérico que o ajudante de farmácia lá da terra lhe quer vender, dizendo-lhe que até lhe trata as varizes. Afinal de contas você não se quer tratar. Quer é reformar-se.</li><li>Fale com o médico de família. Recite-lhe a cantilena que aprendeu com o DSM-IV. Com sorte, ele referencia-o a um psiquiatra.</li><li>Quando, ao fim de uns meses, chegar à consulta de triagem da psiquiatria, diga ao médico apenas os termos mais esquisitos, sem vírgulas nem pontos finais. Se tiver sorte, o clínico achará que está com uma perda de associações lógicas do pensamento, e, ou o interna num serviço de psiquiatria (veja o ponto seguinte) ou envia-o para a consulta de um qualquer interno do segundo ano de especialidade.</li><li>Se for internado, saiu-lhe a sorte grande. É que o internamento conta para o curriculum...</li><li>Uma vez na consulta, recite ao interno do segundo ano a referida cantilena. Não se preocupe se falhar algum ponto, porque não há psiquiatra que a saiba toda de trás para a frente. </li><li>Se tiver alguma sorte, o interno da especialidade manda-o fazer uma data de exames. No mínimo, EEG e avaliação psicológica.</li><li>Em relação à avaliação psicológica, sugerimos apenas que não responda coisas muito lineares... Basta "<a href="http://www.youtube.com/watch?v=8avbKvk5zkY">os seios da Sónia</a>", se lhe mostrarem pranchas de Rorscharch.</li><li>Se por acaso o diagnóstico do interno de psiquiatria não coincidir com aquele que leu, no DSM-IV, pergunte directamente ao interno de psiquiatria: "Soutor, o que é mais grave? Perturbação (a do DSM) ou aquela que está a dizer?"</li><li>Leve o relatório que for feito a uma junta médica.</li><li>Se a junta médica estiver de bom humor, está com sorte. Se não, chore copiosamente quando lhe disserem que não tem idade para ser reformado/a. Imite a dança das formigas assassinas em plenas instalações da junta e repita todos os passos.<br /></li></ol>Psiquiatra da Nethttp://www.blogger.com/profile/01809999791343837825noreply@blogger.com5